BEM VINDAS AS DORES Se tenho dores, que tem lá alguém a ver com isso, se são minhas? Ninguém carrega dores de ninguém. No máximo, se é solidário. Solidariedade sem dor. Quanta dor é necessária até perder-se a última gota de orgulho e vaidade? Muita dor é preciso... Necessitam ocupar o corpo inteiro, imobilizar. Quem sabe aí surja algo novo, despido de falsidade e soberba? Por isso, sejam sempre bem vindas as dores que se espalham, seus gemidos são fraquezas de quem sofre, não as entendem. Dores servem para serem guardadas, porquê não cultivadas? Redimem a vida de seus vícios, forçam conversão. Porque não, então, desejar dores, dores sobre dores. Quem sabe assim a alegria se redescubra, possa usufruir os pequenos momentos? Quem sabe nos encontremos em meio a dores?
Matar um Leão. Todo santo dia matar um Leão. Vem uma doença, vai um emprego, uma morte querida desaba vida... A cada momento uma resposta uma saída, Junto aos amores, desafios, também dissabores. Junto a sonhos, pesadelos, depois insônia. E os que pisam e pisam, tornam o mundo pior. E as estruturas de poder, como oprimem até inconscientemente. Pensar as grandes soluções coletivas, também as particulares. Ambas dependem de ações diretas. As dores que se carregam, ninguém vê, nem sente... O mundo não é para fracos, mas fortes. Sempre um erguer do cair, encarar vencer. A fé não resolve, reconhece o rugido, preserva a esperança esconde-se nos templos, noites solitárias... Matar um Leão a cada dia, lutar pela vida é o destino, a sorte.